Estudo Livro Tiago cap. 02

ESTUDO DO LIVRO DE TIAGO – Cap. 2

O Pecado da Acepção de Pessoas (11) (Cap. 2:1-13) – Ministrado em 13/05/11

1_Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas. 2_Porque, se entrar na vossa reunião algum homem com anel de ouro no dedo e com traje esplêndido, e entrar também algum pobre com traje sórdido. 3_e atentardes para o que vem com traje esplêndido e lhe disserdes: Senta-te aqui num lugar de honra; e disserdes ao pobre: Fica em pé, ou senta-te abaixo do escabelo dos meus pés, 4_não fazeis, porventura, distinção entre vós mesmos e não vos tornais juízes movidos de maus pensamentos? 5_Ouvi meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que são pobres quanto ao mundo para fazê-los ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam? 6_Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não são os ricos os que vos oprimem e os que vos arrastam aos tribunais? 7_Não blasfemam eles o bom nome pelo qual sois chamados? 8_Todavia, se estais cumprindo a lei real segundo a escritura: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem. 9_Mas se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo por isso condenados pela lei como transgressores. 10_Pois qualquer que guardar toda a lei, mas tropeçar em um só ponto, tem-se tornado culpado de todos. 11_Porque o mesmo que disse: Não adulterarás, também disse: Não matarás. Ora, se não cometes adultério, mas és homicida, te hás tornado transgressor da lei. 12_Falai de tal maneira e de tal maneira procedei, como havendo de ser julgados pela lei da liberdade. 13_Porque o juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia; a misericórdia triunfa sobre o juízo.

Nesta primeira parte do cap. 2, Tiago fundamenta, porque o Um seguidor de Cristo não pode fazer acepção de pessoas. E, sejamos honestos, nem sempre obedecemos a esta orientação. O racismo, o regionalismo, o machismo, o homossexualismo, a separação por níveis culturais ou econômicos sempre estão presentes em nosso meio. Não podemos tratar as pessoas de maneira diferente só pela sua situação financeira. Tg diz que dar prioridade aos ricos só pelo fato de serem ricos é pecado. Privilegiar uma classe social é pecado. Vs. 4 “não fazeis, porventura, distinção entre vós mesmos e não vos tornais juízes movidos de maus pensamentos?” Não se pode fazer acepção de pessoas na igreja. A ilustração é bem clara: Vs. 2 “se entrar na vossa reunião...” Quando estivermos congregando, em reunião...

O triste é que nossos modelos para impactar o mundo sem Cristo são pessoas que alcançaram notoriedade em suas carreiras e que exatamente por isso tiveram a escolha. Não será isso uma espiritualidade mundana, do tipo: “Vejam, temos conosco gente importante que não é bitolada como vocês pensam que os crentes são e que conseguiram sucesso na vida”?

Não estará o poder do E. S. sendo substituído pelo planejamento de mercado e pelas modestas técnicas publicitárias? Consideramos mesmo a igreja como agencia de Deus, onde o homem é confrontado com a Palavra e chamado para organizar sua vida à luz das exigências de Deus, ou uma instituição religiosa com um programa de ação, movida pelo executivismo humano? A igreja é agencia de Deus ou instituição humana?

Tg trata especificamente da adulação aos poderosos. Nos vs. 2 e 4 em foco, ele mostra um homem rico, com anéis de ouro, bem vestido, entrando no templo. Entra tb um pobre com roupas velhas. O tratamento aos dois é diferenciado. Isto acontece ainda hoje. Um político que entra em uma igreja é saudado com glamour: “Esta conosco o Dr. Fulano de Tal, deputado por tal lugar, o que nos honra muito”.

Não é honra nem privilégio para a igreja receber a visita do Dr. Fulano ou do Prof. Sicrano. Quando iremos parar com nosso complexo de inferioridade e com a adulação? Todas as pessoas são iguais aos olhos de Deus, pelo seu valor intrínseco. A igreja não é um clube cuja grandeza é medida pelo nível social de seus freqüentadores. É honra para esses homens terem oportunidade de ouvir a Palavra de Deus.

Não podemos ter dois evangelhos. Um para dizer ao pobre que ele deve arrepender-se de seus pecados, senão vai para o inferno, e outro, para dizer ao rico que nos sensibilizamos com sua visita e que ela nos enche de satisfação.

Este texto mostra o critério de Deus. É diferente do critério humano. Os homens escolhem os ricos. Deus escolheu os pobres. Vs. 5a “Não escolheu Deus os que são pobres quanto ao mundo para fazê-los ricos?...” Mas sejamos cuidadosos na interpretação. Não há no texto qualquer indicio de que Deus rejeitou os ricos ou é contra eles. Tampouco defende o texto a idéia de que a riqueza é pecado e a pobreza é virtude. Deus escolheu os pobres para, vs. 5b “fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?”. A riqueza material dá uma falsa sensação de segurança. Temos até casos de pessoas que, sendo pobres, eram muito fiéis a Deus, mas que enriquecendo, dele se esqueceram. Os pobres são mais abertos à graça de Deus, mais acessíveis ao chamado da graça. Não foi ao grande Herodes, na pompa de seu luxuoso palácio, que os anjos anunciaram o nascimento do Rei dos judeus. Foi aos pastores, gente humilde que guardava rebanhos no campo. E com que alegria eles receberam as novas! A expressão em Lc 2:16 “Foram, pois, a toda a pressa, ...”. A pressa era tamanha que não tiveram tempo de procurar a estrada. Os pobres receberam alegremente a noticia de que há alguém que se interessa por eles e que, apesar de sua insignificância econômica, eles não estão desamparados. E tb, para um engajamento com Deus, o pobre tem menos coisas a deixar.
No vs. 6 do texto em foco, Tg mostra que a bajulação é indevida. Não prega o ódio conta os ricos. Não se alinha ele com algumas correntes teológicas contemporâneas que sacralizaram o pobre, tornando-o objeto exclusivo do favor de Deus, voltando-se contra os mais favorecidos economicamente, como se estes fossem os únicos culpados de todos os males do mundo. Tg não é teólogo da libertação e tampouco um apologista da luta de classe adornada com roupagem cristã. As possessões materiais não são demoníacas, nem a pobreza é uma virtude. O pecado não está na posse de coisas, mas na maneira como as conseguimos e no uso que fazemos delas.

No vs. 6b “não são os ricos os que vos oprimem...?” Os ricos estavam oprimindo a igreja, vista como comunidade suspeita. Então, cortejando-os a igreja poderia encontrar um modo de viver pacificamente. Precisamos lembrar que a igreja de Cristo não pode viver fazendo concessões. Devido um excesso de concessões, hoje a igreja acuda pelo secularismo, o cristianismo se desfigurou e se ouve apenas uma leve lembrança da primeira igreja primitiva do século I. Temos hoje um cristianismo pálido e aguado que a poucos impressiona. Sejamos honestos e falemos a verdade: Olhando para um espelho, a vida que a maior parte dos membros de nossas igrejas leva alguém se sentirá atraído para nossa fé? Somo uma expressão do amor de Deus na terra? Estamos fazendo alguma diferença no meio que vivemos?

A igreja de Cristo precisa ser séria, sem concessões. Sem adulações. “A igreja não está no mundo para fazer relações públicas, mas para entregar um ultimato.”

Tiago parte para uma conclusão de seu arrazoado falando de duas leis que regem a vida do crente. Elas encontram-se nos vs. 6 a 13. São as leis do amor e da liberdade. A lei do amor é chamada de “Lei real” ou “Lei do Reino”. A vida na esfera do amor deve ser o nível da vida dos cristãos. No pensamento grego, o amor era estético e contemplativo. Para nós, cuja cultura foi em grande parte moldada pelos gregos, amor é isso. Perdemo-nos em devaneios, em suspiros e ais. Amar é sentir um frio na barriga quando vemos a pessoa amada.
“Lei real”:
Na bíblia, o amor nunca é sentir. É fazer. O amor não é contemplativo, mas dinâmico. “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho...” “Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós...” É por isso que João, o ancião, I Jo 3:18 diz: “Meus filhinhos, nosso amor não deve ser somente de palavras e de conversas. Deve ser um amor verdadeiro, que se mostra por meio de ações”. O amor não é sentimento estético. O amor é ação dadivosa. (gosta de dar, ter liberalidade...).

É o amor que deve nortear o relacionamento na igreja com as pessoas, e não o dinheiro que as pessoas têm. A igreja não é uma meretriz que ama quem tem mais bens. É uma comunidade cuja origem está em Deus e que ama as pessoas porque o Deus da igreja é amor.

“Lei da Liberdade”

A lei da liberdade, a lei do amor mostrou o nível da vida em que os cristãos devem viver. A lei da liberdade é o nome que ele dá ao evangelho. É nas boas-novas do amor de Deus na pessoa de Jesus de Nazaré que encontramos liberdade. Em Jo 8:36 “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. O cristão é a pessoa que encontrou a liberdade em Cristo. “Para a liberdade Cristo nos libertou...” Gl 5:1. Tiago é coerente com Paulo, aqui, Em Gl 4, Paulo mostra que a lei escraviza o homem, mas o evangelho liberta. Vivendo liberto pelo evangelho, livre do jugo do pecado e do poder das trevas, o cristão encontra condições para se relacionar em amor com os demais membros de uma comunidade e até mesmo fora dela. Adicionar regrinhas ao evangelho é um erro grave. É tornar o crente um escravo de preceitos humanos. Mas, tb é um erro sério o espírito de amargura, de critica e de seitas competitivas, cada uma alardeando ser melhor que a outra, como encontramos hoje em dia. Tiago nos mostra que liberdade e amor devem estar juntos. Não fomos tornados livres para viver ao sabor dos instintos, mas para amar a Deus, o que a nossa natureza não permitia, e amar aos outros, o que tb nos era difícil. A duas leis aqui mostradas por Tiago orientam o crente para viver livre do domínio do pecado e com capacidade para um relacionamento positivo com o próximo.

Conclusão:

Este ensino nos dá frases curtas e bem definidas: A igreja não faz acepção de pessoas. Não privilegia pessoas por situação econômica, social, cultural ou racial. Não odeia classe. A igreja ama as pessoas e vive como alguém que Cristo libertou do poder das trevas e que ao poder das trevas não deseja voltar.

Ao encerrar as considerações é oportuno lembrar: vs. 13 “Porque o juízo será sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia; a misericórdia triunfa sobre o juízo.” Associemos com Mc 4:24 “Atendei ao que ouvis. Com a medida com que medis vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará.” Não encontre em nós o pecado da acepção de pessoas, Deus não nos trata assim.

Fé Contra Obras ou Fé e Obras (12) (Cap. 2:14-26) – Ministrado em 20/05/11

14_Que proveito há meus irmãos se alguém disser que tem fé e não tiver obras? Porventura essa fé pode salvá-lo? 15_Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano. 16_e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso? 17_Assim também a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma. 18_Mas dirá alguém: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me a tua fé sem as obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. 19_Crês tu que Deus é um só? Fazes bem; os demônios também o crêem, e estremecem. 20_Mas queres saber, ó homem vão, que a fé sem as obras é estéril? 21_Porventura não foi pelas obras que nosso pai Abraão foi justificado quando ofereceu sobre o altar seu filho Isaque? 22_Vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada; 23_e se cumpriu a escritura que diz: E creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça, e foi chamado amigo de Deus. 24_Vedes então que é pelas obras que o homem é justificado, e não somente pela fé. 25_E de igual modo não foi a meretriz Raabe também justificada pelas obras, quando acolheu os espias, e os fez sair por outro caminho? 26_Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.

Vamos tratar agora de um dos mais antigos dilemas do cristianismo: Fé ou obras para a justificação? No protestantismo-evangélico, a justificação vem pela graça, por meio da Fé. No catolicismo, a justificação vem pelas obras, administrada pela igreja. E uma das preocupações maiores de Tiago é exatamente o farisaísmo cristão, a mentalidade que começava a se firmar no seio das comunidades de Cristo.

O cristianismo estava se tornando, para alguns, um mero sentimento, apenas emoções. A fé vivencial exibida na pratica de uma religião autenticada por atos estava se esvaindo. Parece-me em certo sentido, com nossos dias: O mais importante é sentir, experimentar sensações e fazer afirmações de fé. No movimento evangélico de hoje é muito grande a ênfase no experiêncialismo e nas afirmações que se tornam mero assentimento intelectual. Não é mais vida. Exibir a fé em obras não tem sido exigido em nossas igrejas.

O cristianismo é bem mais que regras, é bem mais que visual e liturgia. É essencialmente vida, uma qualidade de vida outra, produto de um encontro com Cristo. Devemos ao teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer o conceito de “graça barata”. Muitos hoje têm transformado o evangelho em “graça barata”, numa mensagem de um Deus bonachão, tipo Papai Noel, que só faz oferecimentos, deseja todo mundo feliz, risonho, sem que quaisquer exigências sejam feitas. Por incrível que pareça, livros com títulos como: Como orar e conseguir que Deus faça o que você deseja é encontrado. Isso é graça barata... É o cristianismo leviano, de alegria e riso afivelados no rosto, como uma festa que se inicia com o principio do culto e segue até o fim, com artificialidades deprimentes. Mas, o fruto de uma vida que marque o mundo não é enxergado. O mundo hoje não sofre os efeitos da igreja de Cristo.

Tiago insiste na necessidade de viver a Palavra. E mostra, então, dois tipos de fé. Uma, inútil, é a que não vive a Palavra. A outra que a vive, é a fé útil. Vai buscar dois vultos do Velho Testamento para exemplificar: Abraão e Raabe, os tipos da fé verdadeira.

A fé inútil é retratada por Tiago nos vs. 14 a 20 do texto em foco. A fé não pode ser mero sentimento. “Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano. 16_e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso?” vs, 15 e 16.

Existem muitos cristãos que são corteses, mas não é prestativo. Por amor, Tiago entende prestação de auxilio, como uma ação! No que ele tem razão. Amor não poder ser apenas uma expressão de piedade no semblante. Para Tiago, a verdadeira fé esta numa manifestação concreta por alguém. Não adianta dizer “que Deus o abençoe” Ajudar os necessitados da igreja não é algo para Deus fazer. É para a própria igreja fazer. No judaísmo, das esmolas era uma das praticas mais elevadas e respeitadas. Não é isso que Tiago esta dizendo. Não se trata de auxiliar os outros para subornar Deus, comprando seu perdão. É contrario: Quem provou o amor de Deus, deve ajudar seu irmão.

A questão central que Tiago discute aqui é esta: A fé se mostra pelas obras. Não são as obras que produzem fé ou favor de Deus. A fé dissociada de ação é inútil. Na versão BLH, o vs. 20, diz: “Seu tolo! Você quer saber de uma coisa? A fé sem boas ações não vale nada”. Nos vs. 18 e 19, Tiago levanta uma questão sobre o conteúdo da fé, quando apela e diz: Até os demônios crêem e tremem de medo. O endemoninhado gadareno (Lucas 8), prostrou-se diante de Jesus e gritou: “Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo?” Crer na unicidade de Deus, crer no seu poder e aceitar que Jesus é Filho de Deus é uma profissão de fé assumida até pólos demônios.
Ortodoxia significa “doutrina correta”. Ter doutrina correta é muito importante e necessário. Mas, a palavra que expressa a necessidade maior da igreja hoje é ortopraxia, que significa “conduta correta”. A conduta condizente com a fé, eis o de que necessitamos.

Algumas correntes filosóficas supunham que o simples conhecimento da verdade automaticamente levaria á sua pratica. Jesus não ensinou isso. O mero conhecimento intelectual da verdade da fé é insuficiente. O salvador declarou, Mateus 7:21-23:“Não é toda pessoa que me chama de "Senhor, Senhor" que entrará no Reino do Céu, mas somente quem faz a vontade do meu Pai, que está no céu. Quando aquele Dia chegar, muitos vão me dizer”: "Senhor, Senhor, pelo poder do seu nome anunciamos a mensagem de Deus e pelo seu nome expulsamos demônios e fizemos muitos milagres!" Então eu direi claramente a eles: "u nunca conheci vocês! Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal!" Expulsar demônios não é prova nem mesmo de salvação. Há perdidos efetuando milagres e expulsando demônios! Quando mais presumir que um mero assentimento intelectual sobre doutrinas tem algum valor. E se fizermos a leitura de Mateus 25:31-46 com honestidade, sem tentarmos dar ao texto outro sentido que não seja o que esta ali, confirmaremos Tiago: O cristianismo exige boas obras. Não é apenas cantar, bater palmas e orar. Estas coisas não são a essências do cristianismo.

A fé que se enclausura, que não leva a pessoa a se abrir para os outros, a dar de si, é inútil. A fé deve levar-nos a um sentimento genuíno de amor pelos irmãos e pelos necessitados. Não deve ser uma atitude demagógica para convertê-los, um tipo de amor que seria um meio para um fim ultimo. Uma tese de John Stott – A compaixão de Jesus – é elucidativa quanto a este aspecto, no trecho em que ele trata da atitude do bom samaritano para com o pecador caído na beira da estrada: “Assim que o samaritano ata as suas feridas, leva-o a um albergue, cuida dele, paga ao hospedeiro para que continue atendendo-o e compromete-se a pagar qualquer outro gasto que demande a tratamento. A única coisa que o samaritano não faz é evangelizá-lo! Poe óleo e vinho nas feridas, mas não enche os bolsos do judeu com folhetos.” Isto quer dizer que a nossa fé deve se evidenciar em amor por aquilo que as pessoas são: imagem e semelhança de Deus. Pelo seu valor intrínseco, e não por oportunismo.

A fé autentica surge-nos vs. 21-26. Tiago não é discursivo. Objetivamente, vai se valer de dois vultos do Velho Testamento para provar sua teoria. O primeiro vulto é Abraão, o chamado “pai da fé”. Aparentemente, existe uma contradição irreconciliável entre Tiago e Paulo, ao tratarem da justificação de Abraão. “Não foi pelas obras que nosso pai Abraão foi justificado?”, pergunta Tiago. Em Romanos 4:1-3, Paulo deixa bem claro que Abraão foi justificado pela fé. Para Tiago, a justificação de Abraão foi pelo que ele fez: dispôs-se a oferecer seu filho Isaque. Para Paulo, ele foi justificado porque creu em Deus.

Como é possível entender essa aparente discordância? Uma das regras de interpretação da Bíblia nos ensina que é necessário saber o propósito do autor do texto estudado, o que se propunha a dizer e para quem dizia. Paulo é um teólogo. Sua carta à igreja em Roma é um tratado teológico onde de discute o que é necessário para a salvação. Tiago é um pastor que elabora um tratado ético. Sus discussão é sobre o comportamento dos crentes, como estes devem proceder, posto que seja salvos. Estão analisando de perspectivas absolutamente diferentes. Paulo ensina teologia. Tiago ensina ética. O que Paulo esta ensinando aos romanos é isto: Para o novo nascimento, para a conversão, as obras não têm valor. Só a fé é valida para produzi-los. O que Tiago esta dizendo é o seguinte: Após a conversão, a fé sozinha não tem valor. O vs. 22 nos diz muito bem: “Sua fé se tornou perfeita por meio das suas ações.” As obras de Abraão aperfeiçoaram, ou seja, completaram sua fé.

Após citar Abraão, Tiago apresenta outro vulto do Velho Testamento: Raabe. São dois exemplos, aos olhos humanos, opostos: o pai da fé e uma meretriz que creu. Em Hebreus 11:31, ela é colocada como heroína da fé. Na galeria desses heróis, apenas ela e Sara a esposa de Abraão, são citadas nominalmente (Hebreus 11:35 fala de “mulheres”, sem dizer seus nomes). A historia de Raabe é bem conhecida e, para efeitos de recordação, devemos ler no livro de Josué, os cap. 2 e 6. O evangelista Mateus, visando alcançar os judeus, faz o registro: Mateus 1:5 “o Salmon nasceu, de Raabe, Booz”. Raabe está como ancestral do rei Davi e do Senhor Jesus. Assim Mateus mostra para os judeus, que valorizavam a ex-meretriz, que o Messias veio dela.

O que fez Raabe, exatamente? Ela escondeu os hebreus que foram enviados a Jericó. Foi então sua obra que a salvou? Não! Sua obra foi conseqüência de sua fé. Eis a declaração de fé por ela formulada aos espiões, sobre o Deus de Israel, Josué 2:11 “... o Senhor vosso Deus é Deus em cima e embaixo na terra”. Raabe creu em Deus, na sua unicidade (único), no seu poder, e por isso agiu. Em Tiago 2:25 BLH diz: “... ela foi aprovada por Deus por causa da sua ação”. Quando uma pessoa crê, ela age. Sua fé leva a um envolvimento com Deus e não a uma perda de razão, uma fuga mística e contemplativa em que a pessoa se volta para dentro de si. A fé autêntica produz fruto e não uma atitude passiva. Produz envolvimento e não uma limitação entre grupos. Viver cantando corinhos dentro do templo não é a ação mais produtiva do cristão.

Conclusão:

Tiago termina com uma bela figura. Deus criou primeiro o corpo do homem, mas enquanto o espírito não veio habitar no corpo, este não valia muito. Estava sem vida. A vida veio pelo espírito. Quando o Senhor soprou o fôlego de vida no corpo do homem, este foi tornado alma vivente. Antes, tinha toda a aparência. Olhamos para uma vida de fé onde as obras não são presentes. Tudo está nos seus devidos lugar, mas ela é tão viva é tão viva quanto um cadáver. Ou seja, está morta.

Abraão creu e porque creu, agiu. Foi chamado por Deus de “meu amigo”. Está escrito em Isaías, 41:8 “Mas tu, ó Israel, servo meu tu Jacó, a quem escolhi descendência de Abraão, meu amigo”.

Sem duvida, um elogio maior do que este não pode haver. Crer e não agir é ser como um defunto espiritual, como um corpo sem vida. Quem é você: UM CORPO SEM VIDA ou UM AMIGO DE DEUS?































A Língua – Bênção ou Maldição (13) (Cap. 3:1-12) – Ministrado em 03/06/11

1_Meus irmãos, não sejais muitos de vós mestres, sabendo que receberemos um juízo mais severo. 2_Pois todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, esse é homem perfeito, e capaz de refrear também todo o corpo. 3_Ora, se pomos freios na boca dos cavalos, para que nos obedeçam, então conseguimos dirigir todo o seu corpo. 4_Vede também os navios que, embora tão grandes e levados por impetuosos ventos, com um pequenino leme se voltam para onde quer o impulso do timoneiro. 5_Assim também a língua é um pequeno membro, e se gaba de grandes coisas. Vede quão grande bosque um tão pequeno fogo incendeia. 6_A língua também é um fogo; sim, a língua, qual mundo de iniqüidade, colocada entre os nossos membros, contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, sendo por sua vez inflamada pelo inferno. 7_Pois toda espécie tanto de feras, como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se doma, e tem sido domada pelo gênero humano; 8_mas a língua, nenhum homem a pode domar. É um mal irrefreável; está cheia de peçonha mortal. 9_Com ela bendizemos ao Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. 10_Da mesma boca procede bênção e maldição. Não convém, meus irmãos, que se faça assim. 11_Porventura a fonte deita da mesma abertura água doce e água amargosa? 12_Meus irmãos, pode acaso uma figueira produzir azeitonas, ou uma videira figos? Nem tampouco pode uma fonte de água salgada dar água doce.

“Meus irmãos” . Assim Tiago começa o cap. 1 (v. 2) de sua epístola. Assim também começou o cap. 2. Agora começa o cap. 3. Cada vez que muda o rumo do assunto, assim procede e introduz um novo problema que aborda com muita felicidade. Nem sempre, no entanto, “Meus irmãos” introduz um novo assunto. Ao iniciar a conclusão do livro, voltará ao termo (5:7). Assim é que temos agora um novo tema. A importância do que trata ele agora não diminui com o tempo. Pelo contrário, até. Sem exagero, podemos dizer que, nos dias de hoje, uma das maiores necessidades dos cristãos está exatamente em cuidar daquilo que falam. Como há mexericos, invencionices, palavras levianas e mal ponderadas em nosso meio! É triste que a igrej a que deveria se mostrar ao mundo como um exemplo de relações internas tão precárias que chega a assustar. Não são poucas as vezes em que o mundo exibe mais sinceridade no relacionamento e honestidade no falar do que os crentes.





16 comentários:

  1. Fantástico por favor envia-me alguns cursos de bacharelado em teologia bíblica jorgedomingo777@outlook.com ou qual o sate recomendável para baixar cursos da teologia da Bíblia

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  2. A paz, estudo muito edificante! Pena que não tem estudo do capitulo 5.

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  3. 👍 👍 👍 👍 👍 👍 👍 👍 👍 👍 👍

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  4. Gente, cadê o capitulo 5?😳😳😳😳

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  5. 👍 👍 👍 👍 👍 👍 👍 👍 👍 👍 👍

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  6. Que maravilha... me ajudou tanto.
    Deus os abencoe

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  7. Excelente estudo, muuuito edificante a palavra!! Havia tempos que nao lia algo tao bom assim, muito bem explanado e com sabedoria! Que Deus continue te abençoando e usando sua vida, obrigada!!

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  8. Boa tarde como vou saber se estou com as duas coisa fé e obra

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  9. Maravilhoso estudo nunca vi igual.eu achava que era só ora cre e espera.Obrigada amém

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  10. Lindo estudo ..vou aplicar algo hj na igreja que cuido...

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